O sertão

(Alusão ao livro Grande Sertão: Veredas)

O mundo é áspero, 

inconjugável às prevalências ocultas do Um.

A maciez, há quem diga, seja uma astúcia do significante.

No sertão, o que vigora é a lei das contingências irrevogáveis.

Ali, o que viceja constrói um delicado sistema de nãos – um credo de impossíveis.

Uma vez lá, o homem carece inventar plumas simbólicas,

pequenos delírios de azul algodão. 

Surpresa anunciada, lá também pode o amor.

Lua de meio-dia,

se esgueira nas sombras da solidão visitada.

Neblina lírica que entorpece o pecado e promete o proibido.

Núcleo magma onde queima irreparavelmente o que desarvora o homem, 

ao se deparar com as sílabas ilícitas de um amor 

insabido ato.

 

                                              07/2021