Março 14, 2025
A morte é o escárnio da vida
Certeza imprevisível, ela te obriga à ficção para poder suportá-la
Ela chuta as tuas malas e esparrama os seus segredos
Ela risca seus documentos, desfaz sua coleção
Ela te faz perder a viagem, troça dos seus destinos
Ela zomba das tuas lembranças, amassa seus retratos
Joga tuas pérolas aos porcos e ri dos seus amores
Ela ignora teus livros, tampouco lê suas anotações
Despreza seus objetos, deixa seus móveis à poeira…
Desfaz seu guarda-roupas, doa seus sapatos
Ela rasga seus poemas, publica seus delírios
Apaga o seu olhar colorido e acende a escuridão
A morte viola a sua pele e corrompe o seu cheiro
Porém, não ela não dilui os seus ossos
Que é para te expor na sua ausência
A morte é um vexame!
Dez/2011